- Espaço de apoio à utilização do Facebook por pessoas em situação de desemprego -

A história


Era uma vez um jovem universitário de 19 anos, a frequentar o segundo ano da Universidade de Harvard (Massachusetts, EUA). Era baixo, magro, rosto sardento e intensamente introvertido. Quase sempre vestia calças de ganga largas, sandálias de borracha e uma tshirt, que geralmente tinha escrita uma imagem ou frase inteligente. Chamava-se Zuck, Mark Zuckerberg e vivia numa residência universitária onde, para além da sua vida académica, passava o tempo com os seus três colegas de quarto à volta dos computadores a desenvolver projetos para programas informáticos… neste ambiente surgiu uma ideia com o poder de mudar o mundo (Kirkpatrick, 2011).

As origens do Facebook reportam a este enquadramento e a tais projetos, mais concretamente, aos denominados CourseMatch e Facemasch.
O CourseMatch “tinha como objectivo ajudar os estudantes de Harvard a escolher que aulas queriam frequentar com base nas pessoas que se haviam nela inscrito” (Teixeira, 2012, p. 24). A grande adesão a este serviço, levou o próprio Zuckerberg. A afirmar que tal demonstrava que “podíamos relacionar-nos através das coisas” (Kirkpatrick, 2011, p. 34).

Quanto ao Facemash, colocado online a 28 de outubro de 2003, a ideia original era possibilitar que seus utilizadores votassem na pessoa mais atraente da universidade. Para tal eram visualizadas duas fotografias lado a lado, uma de cada estudante, para serem vota-das. Mas o facto de estas fotografias serem provenientes da base de dados oficial da universidade, provocou uma acusação de violação das regras de segurança informática e de invasão de privacidade dos estudantes, obrigando à sua desativação. Apesar da sua curta existência, o conceito “deu forma à ideia que mais tarde constituiu a génese do Facebook (…) mas que, ao contrário do primeiro, foi criado de forma a cumprir todas as regras de segurança e privacidade de Harvard” (Correia & Moreira, 2014, p. 170).

Em janeiro de 2004, Zuckerberg começou a construir o «Thefacebook» (primeiro nome do Facebook), tendo-o colocado online a 4 de fevereiro de 2004, incorporando muitas das “funcionalidades do CourseMatch, Facemash e Friendster” (Teixeira, 2012, p. 24).


Website do Thefacebook a 12 de Fevereiro de 2004

O perfil do Mark Zuckerberg foi o quarto (os três primeiros eram para testes) e, um mês depois, o “Thefacebook tinha dez mil utilizadores ativos” (Kirkpatrick, 2011, p. 53) de entre os alunos da universidade de Harvard. Para um aluno utilizar o Thefacebook teria que ter um endereço email pessoal da Universidade de Harvard, condição obrigatória para criar o seu perfil. Só então poderia colocar uma foto sua e algumas informações pessoais e académicas. “Era uma ferramenta de comunicação muito básica, destinada a resolver o problema simples de acompanhar os seus colegas da faculdade e o que acontecia com eles (p. 37). As possibilidades de interações também eram muito limitadas e, em grande parte, apenas permitam a visualização das informações de cada membro, os amigos a que estava ligado e as discplinas que frequentavam. Mas logo descobriram outras utilizações práticas, como por exemplo, criar grupos de estudo, organizar reuniões para clubes ou publicar informações de festas, “tornado-o numa ferramenta de auto expressão” (p. 49).

Funcionava como uma rede de contactos para os jovens acabados de entrar na universidade, “momento em que este sai da escola e vai para a universidade, o que, nos Estados Unidos, quase sempre representa uma mudança de cidade e um espectro novo de relações sociais.”  (Recuero, 2009, p. 171). Por isso “era preciso ser membro de alguma das instituições reconhecidas. Começou apenas disponível para os alunos de Harvard, posteriormente sendo aberto para escolas secundárias” (Boyd & Ellison, 2007 apud Recuero, 2009).

Em 2006 deu-se a grande expansão do Facebook, o “alargamento da permissão de acesso a qualquer internauta com idade superior a 13 anos e com um endereço de email válido.” (Correia & Moreira, 2014, p. 171). Assim, qualquer pessoa, mesmo com pouca experiência na utilização da internet, podia criar um perfil no Facebook. Apesar do crescimento do número de utilizadores ter sempre superado as melhores expectativas, existiam algumas dúvidas em relação à aderência dos utilizadores externos às universidades. Mas tal tornou-se infundado, pois a adesão foi imediata e massiva.

Mais tarde Mark Zuckerberg confidenciou a Kirkpatrick (2011) algo que pode justificar este fenomeno de crescimento: “Eu sei que parece piroso, mas adoro melhorar a vida das pessoas, sobretudo do ponto de vista social” (p. 53) e mundo que está a mover-se rumo a uma maior partilha, “se proporcionarmos às pessoas uma forma melhor de partilharem informação, mudaremos a sua vida” (p. 356).
A Figura 1.4 mostra a rápida expansão do Facebook, nomeadamente, o drástico crescimento do seu número de utilizadores.

Evolução do número de utilizadores do Facebook de 2004 a 2012

O Facebook tornou-se a rede social mais utilizada em todo o mundo. Em setembro de 2015 revelou que os seus “utilizadores activos mensais passaram os 1,5 mil milhões”  (Facebook Reports Third Quarter 2015 Results, 2015) pela primeira vez, significando um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. Para efeitos de comparação, no mesmo mês, o Twitter indica ter “320 milhões” (Twitter, 2015) de utilizadores mensais.

Segundo Teixeira (2012), esta utilização em grande escala não é fruto do acaso, “deve-se à aparência que apresenta, à fácil utilização, variedade de funcionalidades, capacidade de interligar pessoas e organizações no mesmo espaço e ainda a rapidez e simplicidade com que a informação” (p. 23) é partilhada. Desta forma o Facebook conseguiu ser a rede social mais utilizada por todos os públicos, jovens e adultos, além das empresas e outro tipo de instituições.

Se pensarmos na crescente omnipresença do Facebook, e no impacto cada vez maior que tem na nossa vida, não podemos deixar nos admirar que apenas tenha pouco mais de uma década de vida.