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Paulo Pereira de Almeida

Falsos "amigos" no Facebook

As identidades falsas são um problema em crescimento nas chamadas redes sociais, e - muito em particular - nas duas redes mais populares: o Facebook e o Twitter. Dada a disseminação e a dimensão do problema e as utilizações da informação que esta contém, o Facebook arrisca, portanto, transformar-se em mais um caso de segurança nacional. Vejamos então, e em pormenor, como se chegou até aqui.


Em primeiro lugar, devemos, em meu entender, considerar o que é já um dado adquirido. As guerras e as batalhas do século XXI são, na sua maioria, de carácter virtual, dada a importância que as redes e a informação imaterial têm hoje nas sociedades capitalistas avançadas. Assim sendo, a profissionalização dos conflitos já não é feita apenas a partir dos soldados nos campos de batalha. Esta é agora uma guerra travada com soldados profissionais que operam no domínio do virtual: tal como os soldados que pilotam drones e que podem conduzir sozinhos operações completas em teatros de guerra, também os soldados recrutados para as guerras virtuais atuam no domínio das redes sociais, dos blogues e dos comentários aos artigos de jornais. À distância e protegidos pelo anonimato. Em segundo, e de um modo semelhante, é preciso compreender que as redes sociais continuam, em larga medida, a ser o que há muitos anos designo como um espaço sem lei. Desta forma, e como o seu crescimento foi exponencial e a sua autorregulação é quase inexistente, as redes sociais são atualmente um espaço onde proliferam a intolerância, a ignorância, o racismo, a xenofobia e outros sentimentos nada nobres. Neste raciocínio, é quase impossível obter um controlo eficaz dos efeitos perniciosos dos ataques de que são, por exemplo, vítimas os utilizadores do Facebook. Por último, há que ter em conta um fenómeno - assaz paradoxal - da crença que a generalidade das pessoas parece ter na realidade do virtual. Nesse sentido, os utilizadores tomam como séria a designação de "amigo/a" no Facebook e tendem a interpretar como reais os ataques de hostilidade que sofrem. Ora como a empresa (mundial e milionária) que gere o Facebook apenas parece preocupada com o lucro, torna-se difícil - se não mesmo impossível - ao cidadão comum aceder aos dados de quem o ataca e poder tentar que seja feita justiça.

Podemos então argumentar que existe, obviamente, sempre a possibilidade de abandono das redes sociais. Todavia - e dada a sua importância e o seu carácter transnacional -, creio que o mais certo será lutar pela sua regulação. A bem de todos...


Nota: Este texto foi publicado no jornal Diário de Noticias em 13-10-2013. O autor autorizou a sua publicação neste website.


Paulo Pereira de Almeida
Professor do ISCTE-IUL Doutorado e Agregado em Sociologia, e Investigador Sénior do CIES-IUL onde já conduziu mais de uma dezena de Projetos de Investigação.
É autor de diversos livros e artigos nas áreas da Sociologia do Trabalho, Relações Laborais e Sindicalismo, Gestão de Recursos Humanos e Segurança Nacional. É ainda colunista do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, e já foi Vice-presidente do OSCOT , do ITD, e Presidente da APSIOT.

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