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O fenómeno da cibercultura



A sociedade em rede também foi um tema desenvolvido Pierre Lévy (1999), nomeada-mente o conceito de Cibercultura, que definiu como sendo um “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (p. 17) constituindo um novo espaço de interações propiciado pela realidade virtual (i.e. criada com a utilização dos meios informáticos).

Segundo o autor, a cibercultura reflete a “universalidade sem totalidade. É universal por-que fomenta as ligações entre todos, mas admite a diversidade “que dissolve a totalidade”  (Lévy, 1999, p. 149). Ou seja, a internet forma uma grande rede em permanente expansão na qual cada nó é fonte de “heterogeneidade” e diversidade de temas, sentidos e discussões que estão numa renovação continua. Estas interligações entre indivíduos, e os seus nós de ligações, formam redes colaborativas com dinâmicas sociais e de aprendizagem cooperativa que tornam as redes num instrumento privilegiado de inteligência coletiva.

Numa sociedade que vive em rede a tecnologia é aproveitada como meio privilegiado para o relacionamento social. Os desenvolvimentos sociais estão diretamente relaciona-dos com os desenvolvimentos tecnológicos e a dimensão social da sociedade determina a aplicação das novas tecnologias conforme as nossas necessidades, porque a sociedade em rede e globalizada contempla novas formas de apropriação de cultura, de cidadania, de intervenção pública e de aprendizagem cada vez mais coletiva.
Assim, podemos afirmar que vivemos num mundo cibercultural onde já não somos espetadores, nem recetores de informação, mas sim protagonistas. Passamos de uma postura estática para uma em constante movimento, evoluímos de uma situação de dependência intelectual para uma de autonomia no desenvolvimento intelecto-cognitivo.

De um monopólio no acesso e distribuição da informação passamos para uma multiplicidade, de indivíduos, que interagem em rede para criar os conteúdos que consumem. É necessário reconhecer que o crescimento do ciberespaço é um movimento imparável de indivíduos ansiosos por experiências coletivas e intervenções proativas na nossa sociedade. 

A evolução tecnológica tem um impacto no desenvolvimento da abstração das representações. As novas tecnologias ajudam-nos a construir outra realidade, para além da física. Segundo Braudrillard(1981) o nosso mundo é estruturado em torno de simulacros e simulações, em que estas alteram as nossas experiências de vida, retirando-lhes os sentidos e a noção da realidade. Com a revolução tecnológica “tendemos a viver mais no ecrã” (idem), local onde tudo é possível. Podemos utilizar como exemplo o Facebook onde, frequentemente, as pessoas constroem realidades sem uma correspondência ao mundo físico. 

O facto de a internet estar a transformar o nosso modo de ser e viver, eliminando barrei-ras físicas e sociais, leva-nos a refletir um pouco sobre virtualização das nossas vidas.